Pensei em escrever um pouco pra desafogar.
Já que não posso ir pra mesa de bar. Primeiro porque não posso tomar álcool, segundo porque não tenho amigos com quem desabafar e fazer isso com estranhos não me parece muito eficaz, perderia mais tempo explicando a linha do tempo dos fatos e personagens que esqueceria do motivo inicial da consulta.
Antes que perguntem: Sim, a terapia está em dia. Já chorei e me dei conta de coisas ao dizer-las em voz alta. Não que tenha resolvido, mas ajudou. Ajudaria mesmo seguir falando sobre e sair de dentro da minha própria cabeça.
Esqueci como fazer isso aqui me ajudava e como eu gostava na verdade, anos atrás, quando pensava que seria a próxima grande escritora da minha geração. Agora que penso, foi isso mesmo que aconteceu, já que faço parte da minha geração e sou mais alta que a média de muitos países.
É verdade que tudo que falamos, acontece. Às vezes o problema é que achamos que as coisas se vão dar de forma literal, mas não.
Como da vez que pedi pra um amigo (que considero muito e que sinto saudade), que estava aprendendo sobre Tarot, pra tirar as cartas pra mim. Sempre tive um pé atrás com o Tarot, não porque não acredite, mas porque tenho medo de descobrir algo e que se torne realidade. Como descobrir sobre a morte possível e futura de um parente ou que nunca vou conseguir perder os 8 a 10 quilos que ganhei desde a pandemia. Enfim, esse amigo viu nas cartas que dentro dos próximos três meses eu me encontraria com meu “ex”, alguém que claramente não superei até os dias de hoje. Fiquei buscando pelos sinais desde então e nada. Até que me dei conta que, de fato, me “encontrei” com ele. Tinha ido numa festa de música eletrônica bem famosa aqui onde moro. Era a primeira vez que ia num ambiente assim. Em resumo fiquei bem alta e, abismada, vi o tal na minha frente. Fui falar com ele, não podia ser verdade. Bom, não era. Era um cara muito parecido, com os óculos de sol postos. Não me perguntem porque o cara estava de óculos de sol dentro de uma boate que é bastante óbvio. A questão é que mostrei pra ele a foto de whats do meu ex e, realmente, até ele concordou que eram muito parecidos.
Fiz amizade com ele e o namorado depois disso e foi uma pessoa com quem compartilhei muitos momentos legais. Hoje em dia já não nos relacionamos, por divergências em relação à política, mas não vem ao caso. O ponto é que as circunstancias me levaram a me reconectar com essa parte de mim que dizia: “Garota, já fazem anos que ele te deixou. Supera!”.
Com essa anedota espero poder explicitar o ponto anterior, que as coisas nem sempre ou raramente se dão da forma que pensamos num início. Mas de uma forma ou outra, acontecem. Aí o trabalho é nosso e da nossa inteligência emocional de entender tudo aquilo que nos é apresentado. Ou não.
Olha o verso fechando lá no final:
Escrevi, ergo já não me afogo.