
Oi, tudo bem?
Me chamo Thaísa e hoje decidi começar a escrever sobre o meu processo para começar uma nova vida como aspirante a nômade digital. Talvez escrevendo sobre isso eu consiga dar os primeiros para realmente alcançar a vida que sempre sonhei.
6 anos atrás (na verdade, 6 anos e 9 dias para ser mais exata), viajei pela primeira vez para fora do Brasil. Chegava na Argentina com a ideia de escapar da minha realidade.
Sou original de Manaus, capital do Amazonas, lugar ermo e quente. Tão quente que dizem que por isso o caboclo é lerdo: porque toma muito sol na cabeça todo o dia, todo o ano.
Em 2016 eu estava terminando a faculdade e o que era para ser um momento de muita alegria se tornava um martírio. Me sentia deprimida e perdida e a incerteza da vida adulta me massacrava. Eu não sabia naquela época, mas estava sofrendo uma depressão. Na verdade, uma depressão funcional, porque eu não podia me dar ao luxo de não terminar a faculdade, de não trabalhar.
A vida sempre foi muito difícil para a minha família e eu sentia este peso gigante de que precisava fazer algo, qualquer coisa, para tentar melhorar a nossa existência. Então, em Novembro daquele ano, depois de defender o TCC e receber meu título universitário, tudo desmoronava. Não tinha perspectiva de trabalho, de vida, de ser feliz.
Acho que eu também aparentava estar muito mal porque minha família, minha mãe e minhas tias, com bastante sacrifício contaram suas moedas e compraram uma passagem para eu vir para Buenos Aires. A ideia era que eu passasse alguns dias aqui, que passeasse, mudasse de aires. Eu decidi que não ia voltar. O simples pensamento de voltar a Manaus e retornar àquela vida me causava muito angústia.
Por que eu conto tudo isso? Não sei bem. Acho que ajuda a ilustrar o fato de como foi “fácil” vir para Buenos Aires anos atrás, simplesmente porque não foi uma decisão minha realmente. Claro que eu poderia ter escolhido não ter vindo, ou ainda poderia ter voltado depois de que as “férias” terminassem. Mas a verdade é que eu não poderia voltar. Eu não sabia como as coisas seriam, mas sabia que não conseguiria suportar seguir vivendo daquela forma.
Logo depois percebi uma coisa que foi um divisor de águas – e que compartilho aqui por se você ainda não percebeu: Você pode tentar ir o mais longe geograficamente quanto possível mas isso nada vai importar se aquilo que te faz fugir reside na sua própria cabeça.
E depois de tantos anos… – “Tantos”, não são tantos assim, mas se sente como uma eternidade – a questão é que depois de tanto tempo, eu me encontro em uma situação muito diferente – Graças a Deus! Não estou ou não preciso fugir de ninguém nem de nada. Mas, sim, quero viver outras experiências e a ideia de subir num avião e começar de novo me assusta.
Acho que é a ansiedade que faz isso: cria na sua cabeça cenários impossíveis de acontecer e te convence de que tudo aquilo faz sentido, que faz sentido sentir tanto medo. Eu sei, de forma consciente, que estes medos são infundados. Por isso também quis escrever sobre isso, talvez mais alguém sinta esses medos (ou outros) e também precisa ser convencido ou convencida de que não precisa se sentir assim.
Voltando… Então, nesse ano que começa, em que cumpro 30 anos (ouch!), quero me planejar… Não me planejar, se não que vou, definitivamente… Em 2023 vou começar a minha vida de nômade digital. Eu, que anos me faltava R$1,20 pra almoçar no bandejão da faculdade antes de ir pro estágio, hoje trabalho de forma remota para uma empresa europeia. Que louco!
Na verdade a loucura é pensar que vivemos em um mundo tão desigual que pessoas como eu cresçam pensando que essa realidade não é possível. Tanto que muitas vezes nem nos damos ao luxo de sonhá-la.
Lá pelos meus 22 anos meu sonho era fazer um intercâmbio, até cheguei a averiguar algumas bolsas de estudo. Mas era só começar a pesquisar os preços das passagens áreas que o sonho ia se dissipando igual fumaça. Uns tem tão pouco, enquanto outros lhes sobra tanto.
Mas não escrevo isso pra me vitimizar nem nada. Com isso só quero demonstrar que meritocracia não existe, é um mito inventado para que os que tem muito dinheiro consigam nos ter no cabresto. Se hoje eu tenho um pouquinho, é porque tive muitas oportunidades na vida. Oportunidades aproveitadas e muita ajuda também. Só assim mesmo para que as coisas fiquem um pouco mais iguais.
As vezes perco o foco, porque estou aqui falando comigo mesma pra desafogar um pouco essa mágoa da ansiedade. Voltando, outra vez, vou começar minha vida de viajar pelo mundo enquanto trabalho. Para isso eu preciso traçar um plano. Ou ao menos é isso que falam todos os youtubers que vejo por aí.
Meu plano se consiste em duas etapas e estão relacionadas com as possibilidades que se apresentam. Há dois lugares que me chamam muito a atenção. Sonhei durante os primeiros anos da minha jovem vida adulta em me mudar para a Austrália. Estranho, penso eu agora, que na minha cabeça sonho é sinônimo de algo que você almeja mas que nunca vai conseguir ter, (como voltar ao meu peso da época da faculdade). Preciso ressignificar isso.
Austrália é o primeiro lugar e, em seguida vem Portugal. Penso nestes dois lugares pelo clima e pelas facilidades se comparo com outros países.
Acho que este post já ficou muito grande. Então o que vou fazer é criar outros dois posts. Um contanto sobre meus planos para a Austrália e outro para Portugal. O que preciso fazer, documentação que preciso organizar, etc.
Entre tudo isso está também este desejo profundo de mudar meu estilo de vida e me identifico bastante com a busca pelo minimalismo. Encontro algo de zen/budista nessa prática de buscar o essencial. Acredito que comece a escrever sobre isso também. Escrevendo talvez consiga tirar da cabeça e agir sobre isso. Que o sonho se transforme em algo almejado e realizado.
Então é isso. Até breve.
Thaísa.
Hola Thaísa! Passei por algo semelhante quando tinha uns 24 anos.Por mais de uma década, minha vida cabia numa mochila. Esse desapego e o mimnimalismo mudaram minha maneira de pensar, minha forma de ver o mundo e a mim mesmo. Valeu à pena. Boa viagem!
CurtirCurtir
Oi, tudo bem? Obrigada pelo comentário e por me ler. Eu, que havia escrito pra mim mesma, sem imaginar que alguém leria haha
Fico feliz que você tenha encontrado este caminho e que tenha te levado a lugares lindos. Abraços!
CurtirCurtir
Que linda sua história, amiga. Obrigada por me dar muita força sempre. Vai dar tudo certo e tô com saudades!
CurtirCurtir